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11/02/2017
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Moradores do Recreio se armam para combater a proliferação de pernilongos e ‘Aedes aegypti’

Entra ano, sai ano, um problema continua a atormentar a vida de moradores do Recreio: a presença maciça de mosquitos. Enquanto muitos reclamam e denunciam locais com possíveis criadouros, a prefeitura toma medidas paliativas para amenizar o problema. Com a proximidade do verão, a preocupação aumenta, principalmente na região da AP4, que abrange Barra, Vargens e Jacarepaguá: dados recentes mostram que esta é uma das regiões da cidade com maior número de casos registrados de dengue.

Até setembro, último mês com números divulgados pela Secretaria municipal de Saúde, 2.976 casos de dengue foram registrados na AP4, sendo 907 na área que vai do Joá a Vargens e 1.891 na região de Jacarepaguá. O problema, porém, vai além do Aedes aegypti. Pernilongos são uma inconveniência constante na vida dos moradores da região, em especial no Recreio, já que muitos cursos hídricos da poluída Baixada de Jacarepaguá deságuam no Canal das Taxas.

De tempos em tempos, as gigogas cobrem a superfície do canal e da Lagoinha das Taxas, o que aumenta ainda mais a presença de mosquitos. No último mês, a prefeitura realizou a remoção das plantas do local, e o problema foi amenizado. Mas o alívio é apenas temporário, frisa Sheila Strong, que mora em frente ao Parque Chico Mendes, onde fica a lagoa.

— Moro no Recreio há 22 anos, e a situação piora cada vez mais. O parque é um grande foco de proliferação de mosquitos por causa das gigogas. Agora melhorou, com a remoção, mas daqui a pouco elas voltam, porque não resolvem o despejo de esgoto, que é a origem do problema — diz Sheila, referindo-se ao fato de as gigogas se alimentarem dos nutrientes presentes no esgoto.

Sem vislumbrar solução para a falta de saneamento por parte do poder público, a população se mune das armas de que dispõe, principalmente repelentes e telas nas janelas. Sheila diz que, em alguns momentos, a luta contra os mosquitos parece uma guerra:

— Tem dias em que é muito difícil. Minha portaria às vezes parece um céu negro. Às 17h, a gente precisa passar correndo.

No caso de Eduardo Paci, a infestação de mosquitos não é prejudicial somente a ele, mas ao seu estabelecimento. Sócio de um restaurante japonês na Rua Fernando Leite Mendes há 15 anos, ele diz que o problema nunca foi tão grave.

— O local do qual os clientes mais gostam é a área externa, mas agora as pessoas quase não ficam mais lá, porque está insuportável. Toda semana compro dois tubos de repelentes para conseguir manter o mínimo de sossego — lamenta Paci, que também mora no bairro. — Na minha casa eu coloco tela nas janelas e uso muito repelente. Com a remoção das gigogas melhorou, mas este ano está demais. Nunca tive dengue, mas meu sócio pegou a doença há alguns meses.

Canal das Taxas é o principal foco de pernilongos – Fábio Rossi / Fabio Rossi Agência O Globo

O principal foco dos mosquitos é conhecido por quase todos os moradores do Recreio. O Canal das Taxas, que padece com o despejo de esgoto in natura, tornou-se há tempos um dos principais pontos de proliferação de pernilongos, principalmente quando as gigogas tomam a superfície. Presidente do Movimento de Despoluição do Canal das Taxas, Antonio Melo é uma das pessoas que lutam pela melhora no quadro ambiental e sanitário da região.

— Tem que resolver o problema do esgoto. Mas quem é que responde pelo Canal das Taxas? Qual secretaria? Ninguém sabe — reclama.

Cansado de esperar soluções vindas do poder público, Melo resolveu levar à prefeitura uma proposta para amenizar o problema. Desde o ano passado, uma força-tarefa reunindo representantes de diversos órgãos, como Secretaria municipal de Meio Ambiente e Cedae, trabalha junto com representantes dos moradores para encontrar e interromper ligações clandestinas de esgoto nas ruas do entorno do Canal das Taxas.

O trabalho avança, diz Melo, mas não será responsável por solucionar todos os males. Ele mesmo sofreu, recentemente, com a proliferação de mosquitos, ao ser contaminado pelo vírus zika, em março deste ano.

— Pode ter sido no Recreio ou em Ponta Negra (Maricá). O que eu sei é que aqui no bairro tem muita gente pegando dengue — diz Melo.

Os casos da doença, especificamente, pouco têm a ver com o Canal das Taxas, segundo a pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Denise Valle. O alto grau de poluição inibe a presença do Aedes aegypti, explica:

— No canal há pernilongos. As gigogas até poderiam ser vetores de reprodução do Aedes, mas o que observamos é que ele se reproduz principalmente em áreas domésticas.

80% dos focos em domicílio

A explicação da pesquisadora da Fiocruz a respeito dos principais focos do Aedes aegypti leva a outra grande preocupação dos moradores do Recreio: a presença de terrenos baldios ao lado de condomínios residenciais. Alguns contam que já denunciaram o estado de abandono dos locais diversas vezes à prefeitura. Há terrenos nessas condições em ruas como a Haroldo Cavalcanti, a Alfredo Mesquita e a esquina da Clóvis Salgado com a Olivio Cesar Castoldi.

— Nesses terrenos é comum encontramos lixo, garrafas e vários itens que formam coleções de água. São ambientes artificiais, que atraem o Aedes. Aí é mais perigoso — afirma Denise Valle.

A Secretaria municipal de Saúde (SMS) explica que a Coordenação de Vigilância Ambiental em Saúde faz visitas de rotina a terrenos baldios em busca de criadouros do mosquito da dengue. O da Rua Alfredo Mesquita foi vistoriado em fevereiro. Nos meses de janeiro e setembro, foram visitados os de número 115 e 331 da Rua Haroldo Cavalcanti e o da esquina da Clovis Salgado com a Olivio Cesar Castoldi. A secretaria diz que não foram encontrados focos de Aedes, apesar da má conservação e do mato alto, e que o aumento desses insetos no Recreio “se dá pela proximidade com o Canal das Taxas”.

Terrenos baldios denunciados. Áreas com mata alta preocupam, mas na Rua Haroldo Cavalcanti o número 331 foi vistoriado e não há foco – Fábio Rossi / Agência O Globo

Subprefeito da Barra e Jacarepaguá, Marcio Valente afirma que as medidas tomadas nas últimas semanas aliviam a situação. Foram duas ações específicas realizadas em conjunto com SMS, Rio-Águas e Comlurb: a remoção das gigogas e a utilização do carro fumacê:

— Quando mexemos nas gigogas, muitos pernilongos sobem; então solicitamos a presença do fumacê nas ruas do entorno do Parque Chico Mendes, principalmente. Depois do Recreio, vamos programar uma ação na área do condomínio Cidade Jardim, onde os canais também estão com muitas gigogas. Com a chegada do verão, a quantidade de mosquitos aumenta bastante; precisamos estar atentos.

Valente diz que quer realizar mais uma ação conjunta com a SMS para tratar de focos de mosquito dentro de residências. Sobre os terrenos baldios, observa que a maior dificuldade é entrar em uma área privada sem permissão.

— A princípio só podemos notificar o proprietário, mas, se for algo muito sério, entramos junto com a Comlurb — diz o subprefeito.

Medida controversa, o carro fumacê tem sua eficácia rechaçada pela pesquisadora Denise Valle. Ela diz que contra o Aedes aegyti o procedimento é inútil:

— O Ministério da Saúde recomenda de cinco a sete aplicações por ano nos casos de bloqueio de surto. Não é medida preventiva. O Aedes só vai morrer se voar por dentro da fumaça, mas ele é um mosquito de ambiente doméstico, não fica voando pelas ruas. Se o vento estiver numa velocidade acima de três quilômetros por hora, por exemplo, não voa. Fumacê é desperdício de dinheiro.

Já o subprefeito diz que a sensação é de que a medida ajuda:

— Se tem uma questão ecológica eu não sei responder, mas que melhora a vida dos moradores, melhora. Claro que para resolver o problema em definitivo as lagoas deveriam ser despoluídas, mas isso foge da nossa competência.

Terreno baldio na Rua Olívio Cesar Castoldi esquina com a Rua Clovis Salgado – Fábio Rossi / Agência O Globo

A Coordenação de Vigilância Ambiental em Saúde confirma que a aspersão de inseticida no ar pelo fumacê deve ser usada apenas em situações de epidemia, surtos localizados, alguns bloqueios de contenção e situações de alta incidência vetorial, não sendo indicado no momento no Recreio. Alerta, inclusive, que seu uso indiscriminado pode causar intoxicação nas pessoas e danos ambientais, matando os predadores naturais do mosquito. O método mais eficiente de combate ao Aedes aegypti, frisa, continua sendo evitar o nascimento do mosquito. Quanto ao uso no entorno do Parque Chico Mendes ao qual se referiu o subprefeito, esclarece, foi uma ação pontual, realizada apenas no momento em que houve a remoção de gigogas, quando muitos mosquitos voavam.

Denise lembra que a principal forma de combate à dengue é o controle doméstico e contínuo. Mesmo em períodos de seca, o Aedes pode proliferar, já que sua reprodução está mais associada às altas temperaturas do que à estiagem, uma vez que os ovos são colocados em recipientes artificiais.

— Naquela superestiagem de São Paulo, há alguns anos, por exemplo, houve epidemia de dengue. O ovo normalmente fica em coleção de água doméstica e demora uma semana para virar adulto. O combate é mais fácil quando o mosquito ainda é uma larva, e tem que ser feito toda semana, porque o Aedes bota ovos em criadouros dispersos. Então, você pode ter eliminado um foco sem saber que existem outros. Qualquer sinal de acúmulo de água precisa ser verificado, e não só no chão ou em plantas, mas também em calhas, lajes e ar-condicionados — explica Denise. — Para evitar a presença de pernilongos em casa, a principal medida é fechar as janelas no fim da tarde ou usar telas. Diferentemente do Aedes, o pernilongo tem hábitos noturnos. Ele costuma voar no crepúsculo vespertino, às 17h, 18h.

A SMS também pede que a população verifique possíveis focos em casa, onde, segundo dados oficiais, estão cerca de 80% dos criadouros do mosquito. E acrescenta que realiza trabalho de combate e prevenção de dengue, zika e chicungunha mesmo nos meses de menor incidência das doenças.

Fonte: O Globo

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